14/05/2020
Projeto Costurando Sonhos: Reeducandas de Cajazeiras produzem 600 máscaras de proteção por dia Projeto Costurando Sonhos: Reeducandas de Cajazeiras produzem 600 máscaras de proteção por dia
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Toda a linha de produção funciona em uma cela destinada ao albergue, na parte externa da Cadeia.

Doze reeducandas da Cadeia Pública Feminina da Comarca de Cajazeiras, Município localizado no Alto Sertão da Paraíba e distante 468 Km de João Pessoa, estão produzindo, diariamente, cerca de 600 máscaras de proteção contra o novo coronavírus (Covid-19). A iniciativa é da Diretoria da Cadeia e conta com o apoio da Gerência de Ressocialização e da Administração Penitenciaria e do Poder Judiciário estadual, por meio da Vara de Execução Penal (VEP) e da 2ª Vara de Cajazeiras.

Toda a linha de produção funciona em uma cela destinada ao albergue, na parte externa da Cadeia. Lá, foram feitas algumas adaptações e reformas. Depois de customizado, o ambiente passou a se chamar Projeto Ateliê Costurando Sonhos. Aline de Moura Soares, 25 anos de idade, natural de São Paulo, cumprindo pena desde o dia sete de janeiro deste ano, coordena o Projeto. “Me sinto bem melhor trabalhando, me distraio e me sinto útil, ajudando o próximo. Considero um Projeto especial, por contribuir, através da produção de máscaras, para a proteção das pessoas, nesse momento tão difícil”, comentou.

Outra reeducanda beneficiada com o Projeto, Renata Nanini Caldeira, 43 anos, também natural de São Paulo, está presa desde o 28 de agosto de 2019. Ela trabalha na colagem das máscaras. “Me sinto útil por colaborar na produção. Vivíamos ociosas, sem perspectivas de melhorias e, agora, feliz por ajudar o próximo. Esperamos que, no futuro, tudo se resolva. O Protejo trouxe grande aprendizado para todas nós. Estamos unidas no sentindo de nos ajudar, também, com uma experiência e uma grande oportunidade no mercado de trabalho”, afirmou.

Segundo o juiz da VEP e do Juizado Especial Misto da Comarca, Ricardo Henriques Pereira Amorim, é inegável que o projeto influencia positivamente na execução penal. “A partir da produção de máscaras, que beneficia toda a sociedade, as mulheres em cumprimento de pena manifestam cidadania e comprometimento com o bem-estar social, dando um paço adiante na superação do passado”, ressaltou.

O juiz disse, também, que é assim que a Execução Penal cumpre suas finalidades, com a reparação social do dano advindo do crime e a ressocialização do apenado. “Parabenizo, com gratidão, a Direção da Cadeia Pública de Cajazeiras e a todos que apoiaram o projeto, especialmente as mulheres que estão se dedicando diariamente a produção das máscaras”, disse.

A policial penal, Paloma Correia Lima, que está há sete anos na Direção da Cadeia Feminina de Cajazeiras, informou que a produção das máscaras teve início em março, por meio de uma ação da Secretaria de Administração Penitenciária e da Gerência de Ressocialização, que já tinham implantado a produção em João Pessoa e queriam estender para as demais regiões do Estado.

“Recebemos doações de máquinas e insumos da nossa Secretária, do setor privado e da sociedade. As máscaras estão atendendo todas as unidades penais do Sertão e as equipes de Saúde que atuam nesses locais. Uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública já permite a distribuição dos equipamentos de proteção para as polícias Militar, Civil e Corpo de Bombeiros”, destacou a diretora. Ela disse, ainda, que parte da produção está sendo destinada, também, para a Secretaria de Saúde.

“Recebemos, por meio do juiz da 2ª Vara de Cajazeiras, Thiago Rabelo, a importância de R$ 3.073,00 oriunda de uma transição penal, que possibilitou a aquisição de máquinas e materiais. Da Câmara de Dirigente Lojistas (CDL), recebemos matérias-primas para a fabricação de três mil máscaras”, comemorou a diretora.

Para a chefe de Cartório do Juizado Especial Misto de Cajazeiras, Norma Moreira da Costa Dantas, é louvável o trabalho das detentas. “O cumprimento de pena gera um sentimento de tédio, pelo confinamento, e este projeto veio para melhorar as condições de autoestima. Elas se sentem úteis. Outro fator positivo é a remição da pena pelo trabalho”, enfatizou. A servidora do Poder Judiciário estadual acrescentou que toda a produção é relevante, não somente pelo suprimento da falta de máscaras de proteção, mas por todo o zelo e organização que as reeducandas têm dispensado por este trabalho.

Portalpatos

Fonte: Repórter PB

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