Referência para o atendimento de casos de coronavírus no sertão paraibano, o Complexo Hospitalar Regional Dep. Janduhy Carneiro de Patos (CHRDJC) tem uma equipe de mais de 150 profissionais envolvidos diretamente no atendimento de pacientes com suspeita ou comprovação da doença no isolamento Covid.
Como em todas as unidades de saúde que atendem pacientes com coronavírus, os profissionais principalmente os da linha de frente da assistência, por mais cuidados preventivos que tenham, incluindo o uso de EPI’s, estão mais vulneráveis a contrair a doença. No caso do Complexo, atualmente, 43 profissionais, sendo 31 deles já com testagem positiva para Covid-19 e outros 12 com suspeita da doença, foram afastados de suas atividades e estão em isolamento domiciliar. Alguns destes profissionais ainda se recuperam em casa e outros já superaram a doença, cumpriram o isolamento social e voltaram à ativa para ajudar outras pessoas a se recuperarem. No total, o Complexo tem 713 funcionários.
É o caso do Técnico de Enfermagem Edigleuson Medeiros, 27 anos, que trabalha no Complexo há três anos e seis meses. Antes, lotado na área Vermelha, ele não hesitou em aceitar o convite da direção para atuar na UTI Covid. “Eles precisavam de profissionais com experiência em urgência e eu tinha essa experiência e, além disso, minha missão é salvar vidas, por isso, não hesitei em aceitar a proposta de mudar de local de atuação”, conta o profissional, que fez três testes rápidos para poder detectar a doença que começou a se manifestar através de tosses e sintomas de uma gripe comum.
“No começo pensei que era sintoma de uma rinite alérgica apenas”, diz Edigleuson, que teve apenas sintomas leves, mas, mesmo assim permaneceu em isolamento social em casa e afastado de suas funções durante 14 dias. “Permaneci no quarto, isolado, na casa de meus pais onde moro e durante todo esse período recebi toda a assistência da direção e colegas do Hospital, que ligavam com frequência para saber como eu estava”, destaca ele, que voltou ao trabalho no último dia 25. Segundo Edigleuson, o medo de contrair a doença já passou, haja vista que ele, em tese, está imunizado, mas, ele lamenta um certo olhar atravessado das pessoas. “Há sim um certo preconceito com quem teve a doença. Lógico que as pessoas têm medo de contrair o vírus, mas, tendo os cuidados necessários, esse risco é reduzido”, diz ele, lembrando que após os 14 dias não há mais risco do contágio.
A experiência da Assistente Social e Reguladora do Complexo, Keyla de Medeiros Montenegro e de seu esposo, o Chefe da Comissão de Licitação da unidade, Vinícius Santos da Cruz, ambos contaminados pelo vírus, foi um pouco mais traumática, mas, também teve um final feliz. Keyla desenvolveu a forma leve da doença, e seu esposo a forma mais grave, tanto que ele precisou ser internado, passou sete dias no isolamento Covid, não chegou a ser intubado, mas, precisava constantemente de oxigênio. Keyla e Vinícius receberam o diagnóstico positivo no dia 07/05, mas como estavam com sintomas já tinham se afastado de suas atividades no dia 04. Ficaram em casa, em isolamento, mas, no dia 11 Vinícius teve agravamento de seu quadro clínico e precisou ser internado, tendo alta no último dia 17. Ambos voltaram as suas atividades no último dia 24.
“Depois desta experiência, aprendemos que temos que viver um dia de cada vez, sendo gratos por cada detalhe. A vida é curta e não sabemos o que seremos daqui um minuto no futuro, então que tenhamos mais amor ao próximo, tenhamos mais empatia também, e acima de tudo fé que Deus sempre está ao nosso lado e nunca nos desampara”, destaca Keyla, lembrando que ambos voltaram ainda mais fortalecidos depois dessa situação vivenciada pelo casal. “Voltamos mais fortes para continuarmos o nosso serviço no Complexo, que é a nossa segunda casa”, diz ela, agradecendo e parabenizando todos os funcionários envolvidos nessa grande batalha pela vida na unidade, seja no atendimento dos pacientes com Covid ou para todas os demais atendimentos.
Segundo relatório do setor de Recursos Humanos do Complexo, há profissionais afastados de várias categorias, tais como, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, recepcionistas, auxiliares administrativos e de serviços gerais e ainda uma copeira. A diretora geral do Complexo, Liliane Sena, explica que a rotina do hospital e os serviços presados não sofreram alteração com esses afastamentos porque as escalas são refeitas e reprogramadas. “Como já prevíamos algo nessa linha de contágio por causa das experiências vividas em outras unidades de saúde não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, onde se sabe da vulnerabilidade dos profissionais da linha de frente, nos antecipamos em elaborar um plano de trabalho no qual a ausência de alguns profissionais não interferisse, nem comprometesse a rotina da unidade”, explica Liliane.
Nestes casos, os profissionais afastados ficam em isolamento domiciliar por, no mínimo, 14 dias, como preconiza as normas do Ministério da Saúde e só voltam as atividades após os sintomas da doença desaparecerem. “Já temos vários profissionais que voltaram a suas atividades normais após o período de tratamento e isolamento”, destaca a diretora.
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Fonte: News Comunicação